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segunda-feira, novembro 07, 2011

Trânsito parado na longa fila para o Bilhete Único


‘O DIA’ constatou que passageiros penam para emitir, carregar e cancelar cartão

POR MAHOMED SAIGG

Rio - Dificuldades para emitir o cartão, problemas para recarregar créditos, falhas no sistema de identificação do benefício. Esses são exemplos de obstáculos que restringem o funcionamento dos bilhetes únicos intermunicipal e carioca. A ‘Blitz do DIA’ acompanhou, por três dias, passageiros que tentavam utilizar os serviços do sistema e não conseguem acesso ao benefício. Reféns da tecnologia, a maioria, no entanto, não tem como acessar a Internet. Confusos, os sites riobilheteunico.rj.gov.br (intermunicipal) e cartaoriocard.com.br (municipal e intermunicipal) prometem serviços que nem sempre conseguem ser finalizados.

Na loja RioCard da Central, espera de até duas horas às vezes é em vão | Foto: Paulo Alvadia / Agência O Dia
As barreiras do sistema fazem passageiros terem que recorrer pessoalmente aos postos de atendimento do RioCard — como o do subsolo da Central do Brasil. Resultado: filas intermináveis obrigam usuários a perder até duas horas a procura de solução para seu problema. Muitas vezes, a busca é em vão.

Jeitinho como solução
A diarista Nazaré Belo, 52 anos, moradora de São Gonçalo, não conseguiu tirar novo cartão em seu nome depois que o dela simplesmente parou de funcionar. Isso porque o seu CPF já consta no sistema. “Não teve jeito. Por telefone, mandaram cancelar meu cartão para pedir um novo na Internet, mas não conseguimos. Tive que fazer um no nome do meu marido para eu usar”, contou Nazaré, que trabalha na Zona Sul do Rio. Com o benefício, sua economia diária é de R$ 8 e, por mês, pode passar de R$ 160. Criado em fevereiro de 2010, o Bilhete Único intermunicipal dá acesso, por R$ 4,40, a duas viagens, uma em transporte intermunicipal e outra em municipal com embarques no período de duas horas e meia. Já o cartão municipal dá, desde novembro de 2010, direito a duas viagens dentro da cidade do Rio por R$ 2,50, o preço de uma passagem de ônibus.

Usuário fica duas horas na fila e não consegue comprar crédito do bilhete único
Quem consegue emitir o bilhete passa sufoco para recarregá-lo. “Fiquei duas horas na fila para me dizerem no caixa que não podia colocar créditos. Só se ele tivesse menos de R$ 30 de saldo. É ridículo. Se o cartão é meu, coloco crédito quando eu quiser”, esbravejou José Carlos Barbosa, 60, que mora em Nova Iguaçu e trabalha em Copacabana. Cansada de ‘brigar’ com a Internet e com atendentes do RioCard para conseguir tirar o Bilhete Único de sua faxineira, a auxiliar de enfermagem Jaqueline Gonçalves, 34, jogou a toalha. Há dois meses compra cartões expressos, que não oferecem os mesmos benefícios. “Tive tanta dor de cabeça com a dificuldade de fazer o Bilhete Único pela Internet e nos postos, sempre cheios, que desisti”, contou Jaqueline, que gasta R$ 112 por mês com as passagens da funcionária, R$ 24 a mais do que pagaria com o Bilhete Único.

Sete dias úteis de espera por bilhete
Depois que seu cartão parou de funcionar, o técnico em refrigeração André Luiz da Costa, 43 anos, que mora em Duque de Caxias e trabalha na Tijuca, terá que esperar sete dias úteis para pegar o novo bilhete. “Até lá, vou ter que pagar R$ 5,60 para chegar à Central de ônibus e mais R$ 2,50 só para ir ao trabalho na Tijuca. Sem contar as passagens extras que terei que pagar nos ônibus municipais”, indigna-se André Luiz. Seu prejuízo diário mínimo é de R$ 7,40. Em uma semana, ele vai gastar R$ 51,80 só na ida e volta para casa, além das viagens dentro do Rio em que também não consegue usar o Bilhete Único carioca.

Fetranspor explica queixas
Procurada por O DIA, a RioCard, empresa responsável pela gestão dos Bilhetes Únicos intermunicipal e carioca, alegou que “as filas observadas na Central do Brasil ocorrem apenas em alguns dias no final e no início de mês, devido a (procura de) usuários preocupados em fazer a recarga de seus vales”. Em relação aos prejuízos provocados aos passageiros que têm o cartão danificado e são obrigados a esperar até uma semana para obter um novo, a RioCard informou que “o fornecimento de cartão substituto temporário não é uma obrigação legal. Mas uma cortesia ao cliente”. Ao ser questionada sobre o número total de usuários dos dois benefícios em todo o estado, a Fetranpor não soube informar.

Fonte: O Dia

Comentário pessoal: Faço minhas as palavras da font page do site: 'Cadê a cidadania?'

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